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Blurr


As pessoas não passam de um borrão. Na rua, na internet, na sua casa. Sempre um borrão. Pelo menos é assim que funciona pra mim.

Até mesmo as mulheres que mais amei, são apenas um conjunto de borrões que costumo pintar de forma bonita.

Anna foi a primeira, a mais distante. Não sei se posso ousar dizer que lembro de algo, porque de tanto remoer lembranças, as modifiquei tanto que há muitos anos não sei o que é ou não real.

Nana foi a segunda, mas ainda assim é muito distante. Na tentativa desesperada de aguentar sua perda, modifiquei tanto nossas memórias juntos e destruí imagens bonitas que talvez eu pudesse me lembrar hoje em dia.

Natália foi a terceira, e a mais recente. Não tem nem um mês que seguimos caminhos separados, mas sinto como se fizesse um ano que não a chamo de meu amor. Ainda não superei sua ausência, mas ela já se tornou mais um borrão.

Talvez seja por isso que já não sinto mais sua falta. Acho que atualmente, só a carência física me grita, e a solidão tem voltado a ser minha amiga.

Mas você nunca me deixou, né? Mesmo namorando, eu me sentia só. Com todas elas foi assim. Não que minhas amadas tenham culpa, pelo contrário. Me foi ensinado muito sobre companheirismo. A solidão só ficava na espreita, esperando um momento para me abraçar. Sinto que é hora de me entregar a ela de novo, e dentro dela enfrentar aquele de quem sempre fugi: eu.

É hora de pegar meus erros e mudar. Eu preciso parar de planejar, e fazer. Parar de pensar que tais rotas vão me levar a tais lugares, e agir com base em toda essa estratégia na qual vivo sonhando acordado.

Dessa vez eu tô incentivado a fazer alguma coisa. Eu não quero ser o pólo negativo de alguém outra vez.

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